Editora: Edipro
Tradução e Notas: Edson Bini
Nota: 4/10
Citação:
Certamente são os que não são amantes do governar que devem governar, pois, caso não o façam, os amantes do governar, que são os rivais, por ele lutarão.
Considerações sobre a obra
Eu ouço faz muito tempo sobre a ideia do Rei filosofo de Platão e sempre achei interessante, mas nunca tinha realmente pensado sobre mais fundo e havia tomado somente como base da ideia que "o rei deve ser um pensador". Lendo esse livro eu entrei um pouco mais nessa ideia e admito que fiquei decepcionado.
Platão aborda essa ideia de uma forma completamente ilusória. Ele acredita que devemos educar as crianças e criar uma divida que as façam trabalhar como governantes no futuro, isso para mim é absurdo. Você fazer uma seleção de crianças para ocupar essa posição que tenham que ser talentosas e, simultaneamente, que não queiram governar. Além de querer forçar pessoas para este papel, as pessoas teriam que não gostar deste papel, uma ideia, na minha visão, extremamente cruel.
Não entendam errado. Varias ideias finais são validas, exemplos disso são as ideias de que o rei deve ser alguém talentoso, estudioso, esforçado e que este não goste do poder. Realmente esses princípios são interessantes quando colocados na figura de um governante, mas os métodos para chegar neles chegam a ser ridículos - principalmente na ideia de focar a vida toda da pessoa para aquele objetivo, mesmo contraria a vontade do próprio individuo. Uma educação que se estenda até a idade de 50 anos e essa forma de "construir" pessoas para essa posição são risórias.
Agora a ideia do mito da caverna é muito boa. Mas, infelizmente, também tenho problemas com algumas coisas. A linguagem é muito mais complicada do que deveria - entendo que é uma consequência das diferenças básicas da língua escrita para a traduzida - e o conto em si não é realmente um conto, são suposições encima de suposições. Platão escreve na forma de diálogos e isso, para apresentar uma narrativa, não encaixou bem, principalmente pelo fato de não ser somente Sócrates descrevendo algo, mas Sócrates fazendo uma serie de afirmações e suposições o que fez, pelo menos pra mim, ser um conto muito monótono.
Finalizando. O livro é interessante, e somente isso. Sua grande maioria é composta de divagações sobre quais matérias deveriam ser obrigatórias, o mito da caverna mal dura 10 folhas do livro, sendo somente 1/8 em média, eu esperava que durasse muito mais. Não é um livro completamente desperdiçado, tem coisas interessantes que podem ser retiradas dele, mas a sua grande maioria é composta de divagações, ou informações, as quais eu considerei como completamente irrealistas e, em certos pontos, erradas na própria fundação lógica.
Contextualização - Resumo
O mito da caverna é retirado da obra A República.
O livro se consiste de um dialogo entre Sócrates e Gláucon. Essa conversa é iniciada com a apresentação do mito da caverna por Sócrates.
O mito se consiste na ideia de prisioneiros acorrentados desde o dia de seu nascimento dentro de uma caverna. Nesta caverna os prisioneiros podem olhar somete para uma direção, à qual leva a sua frente - leva a parede da caverna. Na caverna, atrás dos prisioneiros e mais alto que o plano que eles se encontram, existe uma fogueira. Também atrás deles, neste plano mais alto, entre eles e a fogueira, existe uma vereda (caminho apertado, desprovido de espaço). Nesta vereda foi-se construído um muro baixo, como o anteparo diante de manipuladores de marionetes, as quais eles os exibem.
Ao longo deste muro existem pessoas carregando diversos tipos de artefatos, algumas caladas e outras conversando. Os prisioneiros, apenas olhando a parede e conversando entre si, acabariam nomeando aquilo que veem. Esta seria a realidade dos prisioneiros.
Caso algum desses prisioneiros fosse libertado e subitamente forçado a virar-se e andar, saindo da caverna, as suas retinas queimariam com o brilho da luz e, caso fosse mostrado objetos, os quais ele via antes como a sombra, estes seriam, em comparativo, menos reais do que aqueles que outrora ele visualizava.
Segundo Sócrates este homem, ao lembra-se de sua primeira morada, sentiria dó daqueles que faziam competição de identificar o que eram as sombras na caverna.
Então, ao retornar, o homem agora possuía a visão turva por conta da escuridão da caverna e, ao competir na identificação das sombras com os outros prisioneiros, ele se tornaria motivo de chacota. A pessoa que retornou de sua viagem a região superior agora possui "a visão arruinada", e aqueles prisioneiros irão crer que não vale a pena sequer fazer a tentativa da viagem à região mais elevada. E no caso de alguém libertar prisioneiros e conduzi-los acima, se esta pessoa fosse apanhada, eles o matariam.
Nota: Todo o mito é dado por Sócrates citando a situação como pergunta e Gláucon respondendo confirmando aquilo dito por Sócrates.
Exemplo:
Sócrates - E se eles pudessem falar entre si, não achas que suporiam que ao nomear as coisas que vissem estariam nomeando as coisas que passam diante de seus olhos?
Gláucon: É o que suporiam.
Continuando:
O diálogo se segue no âmbito da educação fazendo interligações com o mito que Sócrates havia contado. Sócrates afirma que existem pessoas que a visão é compelida a servir maus propósitos, de modo que quanto mais aguda sua visão, mais mal realiza. Caso essa visão fosse trabalhada continuamente desde a infância - e a apresentassem as coisas reais ao invés das ilusões da caverna - a visão mudaria, a alma desta pessoa veria as coisas com o máximo de nitidez.
Após um breve comentário sobre a educação é-se discutido sobre o Estado e aqueles que seriam capacitados para gerir o mesmo. Sócrates defende a ideia de utilizar-se do Estado para ensinar crianças conhecimentos verdadeiramente necessários e então, como uma dívida da criança com a sociedade, esta assumiria o Estado quando crescesse, não assumindo por cobiça de títulos ou poder, mas por saber o que deveria ser feito e como auxiliar a população.
A conversa segue sobre o que deveria ser aprendido por esse grupo que se tornariam os governantes de uma localidade. Sócrates afirma "Nosso guardião deve ser ao mesmo tempo guerreiro e filosofo".
Sócrates e Gláucon entram na ideia sobre quais matérias deveriam ser de conhecimento obrigatório para este líder. Eles chegam a conclusão que as matérias deveriam ser calculo, geometria e, após um fervoroso debate, eles decidem na inclusão do ensinamento da dialética e na não inclusão da astronomia.
Também é defendido pelos filósofos que devem-se ser nutridos aqueles que possuem talentos e, simultaneamente, não deve-se aceitar aqueles que possuem esforços pela metade. Como, por exemplo, aqueles que se esforçam apara aumentar seu conhecimento, mas não se esforçam para melhorar o físico, ou vice versa.