Editora: Nova Fronteira
Nota: 5/10
Citação:
Apressei-me a meter o cano da arma na boca e mordi-o com força. Mas não podia atirar, nem mesmo pôr o dedo no gatilho. Tudo voltara ao silêncio. Então joguei o revólver fora e abri a porta.
Considerações sobre a obra
Não posso dizer que gostei muito dessa obra. Sendo realista, poucas coisas me apeteceram em toda a obra.
Várias pessoas se sentem oprimidas socialmente de maneira absurda. Quando possuem uma razão valida para si próprio e, simultaneamente, um estimulo - nesse caso a sensação de superioridade - elas podem acabar tomando decisões extremas como forma de revolta, contudo essas decisões, por mais que pareçam extremamente justificadas racionalmente, não são tão fáceis de serem seguidas em sua normalidade.
No caso do personagem principal podemos ver que ele tenta controlar toda a situação e possui, ao menos em sua mente, uma justificativa valida para as suas ações, mas, mesmo assim, continua sentindo o nervosismo e dificuldade para cometer suas ações.
Dessa forma, posso dizer que é um clássico observar na experiência de opressão, revolta e o acovardar frente a revolta. Não entendam errado pela nota fornecida, apenas o tive como um conto mediano onde seus pontos positivos estão emaranhados em ideias de depravações sexuais que achei mal feitas, para dizer o mínimo, e pontos negativos.
É uma obra interessante, a forma de agir e as decisões tomadas são intrigantes, apenas não apeteceu-me na minha individualidade.
Minha resenha é um tanto quanto curta, pois não senti interesse nesse conto. É uma obra que pesa sobre a obsessividade, como Dostoiévski e Camus por exemplo, mas, após ler Dostoiévski, tal leitura limitada fica um tanto quanto rasa e imperfeita na minha visão. Juntamente com isso, não sou o maior fã de Sartre e a sua depravação a qual, simultaneamente, também acredito não ter sido apresentada da melhor forma nessa obra - muito menos em seu conto "intimidade".
Contextualização
O conto expõe a história de um homem. Ele era baixinho, magro e se sentia oprimido em diversas situações da vida.
Por conta disso ele acabou por comprar uma pistola e todo domingo saia para caminhar levando-a no bolso de seu sobretudo. Isso fazia ele sentir uma sensação de poder como nunca antes.
Ele tinha um encontro com uma prostituta rotineiro, mas diferente do imaginável não era para realmente transar. Ele pedia para ela tirar a roupa, caminhar de um lado para outro até ele ter uma ejaculação precoce, então, satisfeito, ele pagava e se retirava. Em um dia que ele foi visitar essa prostituta, ela não se encontrava lá, mas havia uma morena que parecia a mulher de seu vizinho e ele gostaria de vê-la nua. Contudo ele tinha medo, de ser passado para trás ou dela julga-lo pelas suas taras sexuais inesperadas. Então ele voltou para sua casa e pegou a pistola, depois voltou e solicitou seu serviço.
Ela tentou fazer uma troca de palavras, mas ele, sem explicar nada, recusava e mandava ela ficar seguindo ordens como “andar, sentar, abrir as pernas e etc”, desta forma ela se sentiu humilhada e xingou ele dizendo que iria embora. Neste momento ele saca a pistola e faz ela continuar com o serviço. Acabando o serviço ele a paga e vai embora, deixando-a segurando suas roupas intimas e em estado de choque no quarto.
Chegando em casa ele se arrepende de não ter atirado nela e se entorpece com a sensação de poder tida naquela situação, pensando que deveria ter atirado nela e imaginando aquela cena. Depois disso ele começa a andar com sua pistola sem falta, embriagando-se na sensação de poder cada vez mais.
Ele fica então pensando em como o ato de matar os outros seria grandioso, dando sentido a sua existência. Um de seus colegas conta o conto de Eurostrato, um grego que queimou uma das maravilhas do mundo, nosso persogem então percebe: “lembram-se do nome de Eurostrato, mas não do arquiteto, talvez ele não estivesse tão errado assim.”
Então ele começa a faltar seu trabalho até ser demitido pensando em como fará seu ato grandioso. Escreve mais de 100 cartas para autores da época dizendo que iria realizar tais assassinatos e como a realidade o oprimia, pois: “você pode não gostar de lagosta com manteiga, mas não gostar de humanos impede que você consiga trabalhar e/ou viver”
Ele diz na carta que mataria 6 pessoas, por conta de sua arma apenas caber seis balas. Caso contrário mataria muito mais.
Então ele arma um plano. Como matará, voltará para casa no caminho mais rápido, deixará a porta entre aberta para entrar em seu apartamento mais rápido e depois matará quem se aproximar. Mas ele sempre prolonga o prazo do plano, por razões diversas, mas que se compõe de, principalmente, nervosismo. “Não deixei a porta do apartamento entre aberta, vai atrasar minha volta, melhor fazer isso outro dia”
Seu dinheiro vai acabado até que sobram 18 francos apenas, agora é o momento. Ele envia as cartas, mas quando está para fazer o ato sente o sangue subir para sua cabeça e suas mãos ficam bambas. Resolve então comer e de seu dinheiro sobram alguns centavos que ele se livra.
Mas o nervosismo não passa, mas ele decide que vai fazer o ato. Contudo ele continua justificando, era melhor esperar 6 pessoas passarem juntas, para realmente conseguir fazer isso.
Passa um casal de mulheres, uma idosa e um grupo com 6 pessoas, mas ele ainda não faz o ato. Então um homem grande passa e ele o segue, extremamente nervoso. O homem percebe e vira-se para falar algo, mas o personagem principal saca a pistola e, com um leve movimento do homem grande em sua direção, ele atira. 3 tiros na barriga deste.
Ele corre e ouve gritarem “Pega o assassino”, nervoso ele não segue o plano e passasse da rua que deveria ter virado para chegar rapidamente em seu apartamento. Nervoso e sem saber o que fazer, cercado por uma multidão, ele fica mais nervoso ainda e, com um toque de alguém da multidão, ele dá mais dois tiros descontrolados no meio dessas pessoas. Então ele corre para um restaurante próximo, atravessando as mesas e entrando em um banheiro no fundo do restaurante.
O Local é cercado e gritam para ele sair, já que não tem o que fazer. Ele contempla atirar na própria cabeça, mas não o faz. Não entende por qual razão não atiraram para imobiliza-lo e sai do banheiro.