Editora: LeYa
Tradução e Notas: Cassius Medauar
Nota: 8/10
Citação:
Como tudo que você já amou o rejeitará ou morrerá.
Tudo que você já criou será jogado fora.
Tudo que você tem orgulho vai virar lixo.
Considerações sobre a obra
É um ótimo livro, diferente do filme, mas ótimo da mesma forma.
O livro é um pouco mais abstrato em diversas cenas, tendo muito poucos diálogos entre os personagens e se consistindo apenas de uma narração sobre o que era dito entre eles.
Certas cenas — como o beijo na mão dado por Tyler ou a cena do carro na rodovia — prefiro as do filme. Outras, como a cena final, podem ser debatidas sobre qual é melhor, sendo compreensível uma preferência pelo final do filme ou do livro. Agora, no quesito de detalhamento — sobre o amarrar dos testículos e a brutalidade explícita, por exemplo — eu prefiro o livro.
No final, o livro é muito bom e não conseguiria decidir — sem dúvida alguma — se o livro é melhor do que o filme em essência e, sendo um de meus filmes favoritos, isso é algo extremamente relevante. Acredito que eu ainda prefiro o filme, mas não posso dizer que isso é somente pela qualidade de ambas as obras. Acredito que o momento no qual tive contato com o filme influencia essa minha preferência.
A ideia de “pessoas sem nada a perder, em busca de um significado — e de uma emoção — são extremamente perigosas e podem mudar o mundo” é extremamente verdadeira e bem representada. O peso da violência, e como isso restaura a noção de revolução/revolta presente nos indivíduos, também foi algo extremamente relevante.
A marca causada por tal livro/filme demonstra claramente o quão bom ele é e também a sua importância/peso cultural. Algo que, na minha visão, seja de mérito para com a própria qualidade da obra. Uma obra que tem um livro muito bom, e um filme excelente, demonstra sua qualidade. Recomendo que assistam ao filme e, caso realmente gostem, leiam o livro.
A principal diferença, na minha percepção, do filme com o livro é a intensidade. O livro me passou uma frieza racional conforme eu lia; já o filme me acendeu uma chama revolucionária. Ambos bons, mas fornecendo um despertar de sensações/ideias diferentes.
Contextualização - Resumo
1
O livro começa apresentando um personagem que claramente enfrenta sérios problemas psicológicos na maneira como vive sua vida. Ele se encontra em uma realidade da qual não gosta de forma alguma — uma realidade complexa e multifacetada, mas que se resume a um ciclo repetitivo: acordar, trabalhar, dormir; acordar, trabalhar, dormir. Nesse contexto, ele vive em um limbo, comprando coisas que não lhe importam, trabalhando em um emprego que não aprecia e levando uma vida sem sentido e sem propósito.
2
Ele começa a frequentar grupos de apoio onde as pessoas enfrentam problemas graves, como doenças terminais e outros. Estar em contato com essas situações extremas, onde tudo parece ter mais peso, acaba dando um certo sentido à vida dele e, com isso, ele consegue lidar com a insônia que tanto o atormentava. Mas isso muda quando uma mulher — que não tem nenhum problema aparente — começa a frequentar os grupos do mesmo jeito que ele.
3
Então surge Tyler, um cara extremamente carismático e inteligente, mas que também carrega seus próprios problemas. Ele trabalhava com filmes e costumava inserir, de forma quase imperceptível, um frame com cenas obscenas em produções que passavam a 40 ou 50 frames por segundo. O protagonista começa a conversar com Tyler e os dois criam uma relação de proximidade. Até que, em uma viagem, sua casa explode misteriosamente — e, sem ter para onde ir, ele acaba se mudando com Tyler para um casebre caindo aos pedaços.
4
Tyler então cria algo chamado O [Redacted] e começa a reunir participantes enquanto tocam um negócio de venda de sabão. Com o tempo, ele também passa a abrigar membros do grupo em sua casa, além de desenvolver um relacionamento com Marla — a mulher que frequentava os grupos de ajuda. Nesse meio tempo, Tyler estabelece uma regra clara: eles sempre se dariam bem, contanto que nosso personagem principal não perguntasse sobre o Tyler para os outros.
5
Cada vez mais pessoas começam a entrar para o grupo, e a casa vai se enchendo de participantes. Com isso, até mesmo Tyler se torna difícil de encontrar. O protagonista tem sua insônia piorada, a ponto de já não saber mais quando está acordado, dormindo ou sonhando — sua consciência oscila, entrecortada por lapsos de memória. Surge então o chamado Grupo de Desordem. E, nesse ponto, ele já não consegue mais encontrar Tyler de forma alguma.
6
Ele começa a ficar com aquilo martelando na cabeça, principalmente porque ninguém parecia saber onde Tyler estava — e, pior ainda, riam quando ele perguntava. Isso o deixava cada vez mais confuso. Ele começou a procurar Tyler nos [Redacted], chegando a viajar para outras cidades e percebendo o quão grande tudo aquilo havia se tornado. Pequenos acontecimentos iam surgindo, e ele se perguntava: "Será que isso foi feito pelo Grupo de Desordem?"
Até que, em uma dessas buscas, um dos líderes do [Redacted] diz a ele que ele é Tyler. Totalmente perdido, ele liga para Marla naquela noite e, ao perguntar sobre Tyler, ela confirma: ele é Tyler. Nesse momento, ele vê Tyler na sua frente e conversa com ele. Tyler era o outro lado da sua mente — aquilo que ele sempre quis ser, mas nunca teve coragem. Uma outra versão de si mesmo que surgia quando ele tentava dormir - o que explicava sua insônia e lapsos de consciência.
Tyler deixa claro que tudo continuaria bem, desde que ele seguisse sua vida normalmente, sem interferir. Cada um no seu caminho. Mas avisa: se ele tentasse impedi-lo, tomando pílulas para se manter acordado ou tentando controlar a situação, então os dois teriam sérios problemas.
7
Ele começa a tomar remédios para se manter acordado e pede ajuda a Marla. Também tenta acabar com o grupo da Luta, achando que tudo já tinha ido longe demais. Na sua visão, a situação estava saindo do controle e começavam a surgir consequências sérias. Essa tentativa de parar tudo gera um conflito direto com Tyler. Como resposta, o Grupo de Desordem o sequestra e o submete ao mesmo processo reservado para quem se opunha a eles — um ritual brutal que envolvia, literalmente, cortar o testículo da pessoa.
8
Ele desmaia durante o sequestro e, ao voltar a si, percebe que estava agindo como Tyler novamente por ter ficado inconsciente. Nesse momento, é confrontado por Marla, que o acusa de ter matado alguém. Ele tenta se explicar, dizendo que foi o Tyler, mas ela não o ouve. Frustrado e cada vez mais confuso, acaba se envolvendo novamente com o [Redacted] e participa de uma luta, onde é nocauteado por um dos membros do grupo.
Quando acorda, está no alto de um prédio, com uma arma nas mãos. O plano era demolir aquele prédio, causando um grande impacto — um ato simbólico de revolução. De lá, ele vê o helicóptero da polícia se aproximando. Mas "Tyler" não poderia simplesmente ser morto por um policial. Ele morreria na queda do prédio — como um mártir, um símbolo extremo da rebelião.
Contudo, os explosivos usados estavam recheados com parafina, que tem alto risco de falhar — e é exatamente isso que acontece. O plano falha. Então, em um momento de decisão desesperada, ele pega a arma e atira em si mesmo, no rosto, acertando a bochecha, tentando matar a si e a Tyler.
9
Ele se encontra com Deus e discorda dele sobre a filosofia humana. Diz que sabe que está em coma e que não quer voltar — pelo menos, não ainda. Às vezes, ainda escuta frases como "sentimos saudades de você, Tyler", ditas por pessoas que passam pelo seu quarto no hospital, como faxineiros e funcionários.